segunda-feira, 21 de março de 2011

Aquele olhar

Hoje eu olhei no fundo dos seus olhos pela manha. Você tomava seu habitual café com leite. Seu olhar vagava exausto. Passava sobre as prateleiras, sobre o sofá vermelho da sala, sobre as persianas da janela, que balançavam suavemente com o tilintar do vento. E então, foi inevitável. Seu olhar se cruzou com o meu. Talvez por menos de um minuto, mas foi um dos minutos mais longos da minha vida. Os segundos iam se arrastando separados uns dos outros por uma eternidade. Até que você se virou. Se virou como quem esta cansado de discutir, cansado de se decepcionar. Eu fiquei paralisada, tentando buscar na minha mente palavras para te dizer o quanto eu te amo.
Mas quando eu arriscava dizer alguma coisa, as palavras evaporavam da minha boca. E depois condensavam deixando o ar irrespirável, quase sólido. O silêncio era desconfortante. Era um silencio preenchido por um turbilhão de pensamentos inacabados que faziam um intercambio entre a minha cabeça e a sua. Iam e voltavam. Iam e voltavam. Até que um soluço quebrou o fluxo dos pensamentos. Eu desmoronava em lágrimas. E então você me olhou preocupado. Aquele olhar de pai. Aquele olhar de quem perdoa. Aquele olhar de quem ama.

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