quarta-feira, 23 de março de 2011

Eu vou partir

A verdade é que resolvi pegar todas as nossas fotos, todas as cartas, todos os textos encharcados de sonhos e promessas e colocá-los em uma caixinha azul bordada com a letra R. Vou cavar um buraco bem fundo e enterrá-la. Vou pegar um desses gravetos tortos que ficam espalhados pelo chão e fazer sobre esta terra seca e avermelhada um X. Só por diversão. Só para saber que ali guardei um pouquinho de mim, um pouquinho de nós. E então vou fazer as minhas malas. Talvez apanhe as roupas secas no varal, um bloquinho verde e um lápis, mas nenhuma borracha, nenhuma lembrança, nenhum medo, nenhuma nostalgia. E vou sair por ai. Vou sair, porque minha alma tem dessas de seguir. De seguir para lugar algum, para ver o por do sol se ocultar no horizonte, para respirar o ar das montanhas, para mergulhar nas águas salgadas dos mares e para escutar o tilintar das águas doces das cachoeiras batendo sobre as pedras. Não te peço para me esperar, porque eu vou e não sei se volto.

2 comentários:

  1. Prazer estar aqui no caleidoscópio! Creio que seja isso, se é hora de partir e dispomos de forças para enterrar os tesouros de outrora, o horizonte sempre rompe em outros lugares.

    Convido para que leia e comente no http://jefhcardoso.blogspot.com/

    “Que o dom da escrita me sirva como arma contra o silêncio em vida, pois terei a morte inteira para silenciar um dia” (Jefhcardoso)

    ResponderExcluir